quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A avaliação neuropsicológica como processo fundamental no auxílio diagnóstico de demência: relato de caso

INTRODUÇÃOTrata-se do caso de uma paciente com 80 anos, encaminhada pela geriatra para avaliação neuropsicológica, com propósito de auxílio diagnóstico, sob hipótese de Síndrome Demencial. A paciente negava qualquer problema com sua memória. Afirmava ser capaz de fazer normalmente suas atividades e não via necessidade de realizar atendimento médico ou psicológico. No entanto, o marido e a nora diziam que ela apresentava comportamento ora agressivo, ora deprimido, além de problemas com a memória que prejudicavam seu rendimento nas atividades de vida diária.METODOLOGIAForam realizados seis atendimentos, que consistiram em entrevistas clínicas com paciente e familiares, e tarefas neuropsicológicas: Roteiro de Exame do Estado Mental Strub Black; funções visuais (Luria); desenho do relógio; subtestes do WAIS III Compreensão, Cubos, Vocabulário e Dígitos. RESULTADOSPaciente compareceu aos atendimentos demonstrando pouca crítica sobre suas condições cognitivas, com expressão apática, desinteressada, respondendo apenas o que lhe era perguntado. Mostrou-se resistente em realizar as atividades, repetia perguntas já feitas, esquecendo-se de informações que já tinha dito minutos antes. Os dados da avaliação apontaram déficits cognitivos caracterizados por:Diminuída amplitude atencional, controle mental, atenção dividida e concentração; Prejuízo na organização visuoespacial dos estímulos, tanto na cópia de figuras simples, como para executar desenhos sob comando; Dificuldades no reconhecimento visual de estímulos (paragnosias visuais);Intensa dificuldade em tarefas que avaliam memória verbal, no que se refere à capacidade de armazenar e evocar os estímulos apresentados. Perdia tanto o contexto global quanto detalhes da informação recebida. Presença de perseveração, confabulação e intrusões. Apresentou dificuldades importantes no que se refere à capacidade de aprender novas informações; Quanto à linguagem, paciente demonstrou fala espontânea e fluência verbal reduzidas, dificuldades para compreender algumas instruções dadas e nomear objetos;Apresentou déficits na capacidade de expressar conceitos, julgamento e crítica de normas e valores sociais, além de discreto rebaixamento da capacidade de abstração. DISCUSSÃOO trabalho de investigação psicológica foi dificultado pela inconsistência das informações a respeito do caso, visto que a paciente não apresentava crítica de seu estado, o marido tinha diagnóstico de Alzheimer e portanto também comprometimento de seu julgamento, e a nora, que os acompanhava periodicamente nas consultas, parecia relevar os déficits da paciente, para ausentar-se de possíveis responsabilidades. Somente através de seu desempenho na avaliação é que se pôde de fato confirmar a instalação do quadro demencial da paciente. Foi realizada devolutiva dos resultados da avaliação, enfatizando a necessidade de um acompanhamento mais próximo dos familiares e viabilizando tratamento médico adequado.

artigo informativo retirado do site: www.crinorte.org.br

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